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Doença Residual Mínima deve ser investigada nas leucemias agudas

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Última atualização em 29 de julho de 2021

Seu médico pode até não comentar com você, mas a doença residual mínima diz muito sobre o estágio da sua neoplasia sanguínea


Entrevistamos o Dr. Guilherme Perini, hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein, a respeito da Doença Residual Mínima. Comumente presente nas leucemias agudas, na leucemia linfoide crônica e em alguns linfomas, ela ajuda o médico a indicar o melhor tratamento. Além de analisar a possibilidade de recidiva.

Abrale. O que é a Doença Residual Mínima?

Dr. Guillherme – Doença Residual Mínima (DRM) é definida como a presença de células neoplásicas por métodos mais sensíveis de procura, como biologia molecular ou imunofenotipagem. Ou seja, quando não detectamos doença por métodos mais tradicionais, como citologia ou exames de imagem, mas conseguimos detectar por estes métodos mais sensíveis, dizemos que o paciente tem DRM detectável.

DRM; câncer; leucemiasAbrale. Por que essa doença ocorre?

Dr. Guilherme – Não estamos falando de uma doença, mas de várias doenças. Hoje a DRM pode ser utilizada para avaliar as leucemias agudas (linfoide e mieloide), leucemia linfoide crônica e alguns linfomas.

Abrale. Como a Doença Residual Mínima pode ser detectada?

Dr. Guilherme – O principal método para detecção de DRM é por meio da imunofenotipagem de sangue periférico ou medula óssea. Técnicas como pesquisa por biologia molecular são descritas, mas raramente realizadas no Brasil.

Abrale. Qual o perigo que essa doença oferece?

Dr. Guilherme – Pacientes com DRM+ podem ter um risco maior de recaída, já que mostramos que o clone neoplásico permanece detectável.

Abrale. A cada quanto tempo é preciso fazer o teste para a Doença Residual Mínima? Em quais momentos é recomendado medí-la?

Dr. Guilherme – Os protocolos de DRM são muito específicos para cada tipo de doença. Por exemplo, na LLA, é recomendado fazer várias medidas durante o processo de indução/consolidação. Já na LLC, geralmente fazemos ao fim de tratamentos capazes de induzir negatividade da DRM, como FCR e R-Venetoclax.

Abrale. Qual a importância de se fazer a detecção da Doença Residual Mínima?

Dr. Guilherme – A detecção de DRM é importante por vários motivos. Em LLA, pacientes com DRM positiva em alguns momentos do tratamento, podem se beneficiar do transplante alogênico. Em outros cenários, é possível identificar pacientes com maior risco de recaída.

Abrale. Todos os pacientes com leucemias, sejam elas crônicas ou agudas, devem fazer uma avaliação de DRM?

Dr. Guilherme – Para LLA, é muito importante realizar a DRM, conforme explicado. Na LMA, os protocolos estão cada vez mais incorporando a DRM, como é o caso da leucemia promielocítica. Nas crônicas, a LLC sempre utilizou a DRM como um indicador de uma sobrevida livre de progressão menor. Na LMC, fazemos isso por meio da pesquisa dos transcritos do bcr-abl.

Abrale. Por que para as leucemias agudas este monitoramento não é tão constante? Alguns pacientes nos relataram desconhecer a realização deste exame, porque seus médicos não costumam falar a respeito.

Dr. Guilherme – Na verdade, este monitoramento é feito por meio dos mielogramas que são realizados durante o tratamento. Às vezes, o termo DRM pode não ser explicado pelo médico, mas grande parte dos serviços realizam com frequência a detecção da doença.

Abrale. Após detectar a Doença Residual Mínima, quais os próximos passos?

Dr. Guilherme – Isso depende da doença. Na LLA, como falei, é possível indicar mudança de tratamento baseado na DRM (mudança da quimioterapia, indicação de transplante, etc). Na LLC, não mudamos ainda o tratamento baseado na DRM.

Abrale. Quando é possível considerar que a Doença Residual Mínima está negativada?

Dr. Guilherme – Quando não detectamos por citometria de fluxo ou técnica molecular, mostrando que o clone neoplásico está exterminado ou abaixo do nível de detecção destes métodos.


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