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Cuidado com as vacinas

Pessoa preparando a aplicação de uma vacina
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Última atualização em 29 de julho de 2021

Em vez de imunizar, algumas delas abrem caminho para a instalação da doença, em pacientes com câncer

As vacinas existem para prevenir doenças induzindo o corpo a se proteger. Fazem isso usando um vírus que ativa o sistema de defesa de quem as toma. É como em um exercício militar. Simula- se, artificialmente, a batalha para que o organismo esteja pronto para vencer o inimigo quando a guerra for de verdade.

O problema é que algumas vacinas só podem ser aplicadas em pessoas com as “tropas imunológicas” íntegras. Crianças e adultos com imunidade baixa, sem todos os seus soldados a postos, como é o caso de portadores de leucemias e linfomas, estão entre os que não podem tomá-las sob o risco justamente de o remédio abrir caminho para a instalação da doença.

Quem precisa tomar a vacina do sarampo?

Em 2016 a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou que o Brasil havia erradicado o sarampo no país. Porém, em 2018 novos casos da doença apareceram e, com isso, o título foi perdido. Por isso, em 2019, o sarampo voltou a entrar para as campanhas de vacinação do SUS. Mas a pergunta é: o paciente oncológico pode tomar essa vacina? 

 

De acordo com a infectologista Eloisa Basile Ayub, coordenadora do Serviço de Controle de Infecções do Hospital Mário Covas, a resposta é não! Isso porque, para fabricar a vacina do sarampo é utilizado o vírus vivo da doença. Dessa forma, se esse paciente tomar a vacina, existe a possibilidade da do sarampo se hospedar e dificultar o tratamento. 

“Algumas vacinas usam o vírus vivo e isso representa uma ameaça para pessoas imunossuprimidas. Como é o caso de portadores de cânceres de sangue”, explica a Eloisa. 

Ela ressalta que ainda que o vírus tenha sido atenuado, ou seja, enfraquecido em laboratório, ainda há um risco. 

 “Como a imunidade de quem tem leucemia ou linfoma está baixa, existe o risco de a doença se instalar ali. Além do câncer, será preciso combater também um novo problema. Sendo que ele pode se revelar até mais grave do que o próprio tumor.”, diz a infectologista

Além do sarampo, os pacientes de câncer também não devem tomar as vacinas de: poliomielite oral (a do Zé Gotinha); catapora; rotavírus;  caxumba; rubéola; tuberculose e a febre amarela.

Quais vacinas posso tomar?

As demais vacinas, que usam vírus morto, não só podem como devem ser tomadas normalmente, sempre com orientação médica. É o caso, por exemplo, das vacinas da gripe, do tétano, da meningite, da pneumonia (pneumococo), da hepatite e da vacina contra o câncer de colo uterino (causado pelo vírus HPV). “No caso da poliomielite, existe também uma vacina especial injetável (a Salk), que usa o vírus morto. Essa também pode ser ministrada em crianças imunossuprimidas”, explica a médica.

Uma boa dica aqui é procurar os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais, mais conhecidos como CRIE. Neles, além de vacinas especiais, como a Salk e outras que ainda não foram incorporadas ao calendário (caso da hepatite A), pessoas imunossuprimidas recebem todas as orientações necessárias para se imunizarem. É um serviço público e, portanto, gratuito, disponível no Brasil inteiro.

 O que devo fazer se não posso tomar as vacinas?

Nesse caso, é preciso prevenir cada uma dessas doenças de outras maneiras. “Basicamente, são três medidas. A primeira é ter a garantia de que todos ao seu redor, pelo menos os mais próximos, estejam vacinados ou imunes a essas doenças. Criando uma barreira biológica contra elas. A segunda medida é passar sempre repelente para evitar contaminação por mosquito. Principalmente em áreas de risco para a febre amarela. Por fim, lavar sempre as mãos ajuda a evitar boa parte das contaminações, não só aquelas associadas às vacinas. É uma medida simples, eficiente e barata”, esclarece a médica.

Lavar as mãos com frequência já é uma medida suficiente para prevenir rotavírus, sarampo, caxumba e rubéola – essas três últimas também transmitidas por via oral. Mas vale a pena também manter o ambiente sempre limpo e arejado. “Não precisa ser asséptico, basta estar limpo”, diz a Dra. Eloisa Ayub.

No caso da catapora, um cuidado adicional é evitar o contato com pessoas que tenham a doença e, em hipótese alguma, encostar nas bolhas que se formam na superfície da pele, pois são altamente contagiosas. Sobre ir ao shopping ou usar transporte público, a dica é manter a cautela.

“Não vá ao shopping na véspera de Dia das Mães, nem pegue um metrô no horário do rush. Prefira horários com movimento menor, como o de abertura do shopping e, no caso do metrô, no meio da tarde ou tarde da noite”.

 Sou transplantado, o que fazer?

Pacientes que fizeram TMO devem ser novamente vacinados

A vacinação deve ser feita contados seis meses desde a transfusão de sangue com células novas. Isso vale para vacinas com vírus morto.

No caso das vacinas de vírus vivos, a imunização deve ser postergada para pelo menos dois anos após a realização do transplante, e conforme se constatar a completa reconstituição imunológica do transplantado.


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21 Comentários
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Muito esclarecedor o texto. Parabéns pelas explicações.

Ingestão de acucar aumenta o tumor cancerígeno?

Parei de ler quando li “vírus morto”. Como conseguiram matar uma coisa que nem respira?

Parabéns! Ótimo o texto de simples entendimento

Muito esclarecedor. Tenho uma dúvida: Podemos tomar mais de uma vacina num prazo pequeno, tipo 2 a 3 meses? Agradeço sua resposta.

Bom dia, levei a vacina da febre tifoide, encefalite japonesa e hepatite a por uma viagem que fiz. Passado um mês engravidei, pode prejudicar em alguma coisa o meu bebé?

Obrigado

Sou portadora de PTI , minhas plaquetas ficam em torno de 30.000 a 40.000 mil , gostaria de saber se posso tomar a vacina da gripe , com conta do covid19.

Quem está terminando o tratamento da leucemia pode tomar a vacina da covid. E sendo criança

Olá bom dia, na vacina da Pfizer existe uma enzima cancerígena qual é ?

Olá tenho um bebê (Theo de 2 anos)que esta em tratamento de LLA na fase de imdução e receberá alta em 12 dias. Porém, temos outra bebê que precisa das vacinas. Se ela receber essas vacinas de vírus vivo podem afetar o Theo. Como ela necessita de imunização, como devemos proceder? Por quanto tempo pode haver uma possível contaminação desses vírus e como podemos evitá-las?

Excelente explicação. Obrigada!

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