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Produção nacional de biossimilares tem espaço para crescer

Parque industrial brasileiro ainda está se estruturando para a produção de biossimilares, o que leva tempo

O ritmo de aprovação de novos medicamentos biossimilares no Brasil aumentou, sobretudo nos últimos três anos. Dos 32 já registrados pela Anvisa, 21 foram aprovados em 2018 e 2019 e outros cinco estão na fila.

No caso da incorporação desses medicamentos ao SUS (Sistema Único de Saúde), porém, a frequência é outra. O sistema público oferece apenas cinco biossimilares, voltados para tratamento oncológico e doenças reumáticas.

Especialistas ouvidos durante o 2º Seminário Medicamentos Biossimilares avaliam que um dos desafios é nacionalizar a produção.

O parque industrial brasileiro ainda está se estruturando para a produção, processo que leva tempo, afirma Mirna Oliveira, farmacêutica da Secretaria de Saúde do Distrito Federal e ex-coordenadora do Complexo Industrial do Ministério da Saúde.

Atualmente, somente dois biossimilares são inteiramente produzidos no Brasil, segundo ela: a somatropina e o rituximabe. O primeiro é usado no tratamento de hipopituitarismo, uma deficiência do hormônio do crescimento humano, e o segundo para artrite reumatoide e linfomas não-Hodgkin.

A expectativa é que, à medida que o parque nacional adquira capacidade para produzir esses medicamentos, a incorporação dos biossimilares deve aumentar.

Isso porque o preço tenderia a cair, dando vantagem aos biossimilares nas licitações.

“A gente espera que, quando forem 100% produzidos no Brasil, haja um impacto maior na redução dos preços.”

Uma das ferramentas usadas para incentivar a produção é a Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), em que empresas privadas nacionais ou internacionais trabalham com laboratórios públicos.

As PDPs são peças-chaves para a incorporação dos biossimilares, na avaliação de Valderílio Feijó Azevedo, chefe do serviço de reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná.

“O Brasil não tem tradição em biotecnologia de saúde, e acredito que isso melhore nos próximos anos se investirmos na política de parceria”, diz.

Até porque a expectativa do setor para os próximos anos é de ampliação da oferta de biofármacos. “Até agora vimos uma primeira onda, com a produção e aprovação de moléculas mais simples, como a insulina e alguns remédios para câncer. Vamos entrar em uma segunda onda de biossimilares, que tende a ser muito maior porque vai englobar oncologia, dermatologia e doenças raras”, afirma Mirna Oliveira.

Assim como o desafio da nacionalização da tecnologia, os especialistas avaliam que também pesa a ausência de uma política pública clara de disponibilização de biossimilares no SUS. Sem diretrizes nacionais, a incorporação desses medicamentos difere de estado para estado.

Em 2018, um grupo de trabalho criado por portaria do Ministério da Saúde produziu recomendações para uma Política Nacional de Medicamentos Biológicos no âmbito do SUS. O relatório final da comissão foi publicado em dezembro daquele ano. Até agora, porém, as diretrizes não saíram do papel.

 

Fonte: Folha de S. Paulo – Mayara Paixão 

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