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Novos estudos comprovam impacto da pandemia sobre o diagnóstico do câncer

Foram avaliados dados do Ministério da Saúde com o cruzamento dos números de antes da pandemia, em 2019, com os exames realizados em 2020 e 2021

O câncer já é a principal causa de morte em cerca de 10% dos municípios brasileiros. Nos últimos dois anos, por conta da pandemia de Covid-19, este quadro se alterou levemente, mas isso não significou queda nos números absolutos de óbitos por câncer.

Em 2016, o Observatório de Oncologia já havia feito uma projeção grave: se as políticas públicas de prevenção, detecção e tratamento dos tumores não fossem aprimoradas nos anos seguintes, a doença se tornaria, em 2029, a principal causa de mortalidade no Brasil.

De lá pra cá, tivemos poucas mudanças nas prioridades em saúde e uma pandemia com reflexos devastadores. Ações de prevenção, como a vacinação contra o HPV para meninos e meninas, de combate à obesidade infantil e ao sedentarismo, ficaram prejudicadas.

Agora, o Observatório acaba de lançar outra análise, sobre os procedimentos com finalidade diagnóstica para câncer no sistema público de saúde e os reflexos da covid-19.

Foram avaliados dados do Ministério da Saúde com o cruzamento dos números de antes da pandemia, em 2019, com os exames realizados em 2020 e 2021. Os pesquisadores escolheram os cinco tipos mais frequentes de câncer no Brasil (mama, próstata, colorretal, pulmão e estômago, com exceção do tumor de pele não-melanoma).

Os números já destacados por várias sociedades médicas ao longo dos últimos dois anos foram comprovados pelos dados oficiais: houve uma redução geral de 26% em procedimentos diagnósticos para esses cinco tipos de câncer em 2020. Em 2021, a queda foi de 9%.

No entanto, os valores nacionais não retratam as diferenças regionais, que foram bastante acentuadas no primeiro ano de isolamento social.

Os casos mais representativos são os de câncer de mama e de estômago. Para mama, entre 2019 e 2020 houve uma redução de 41% na realização de mamografias, o principal exame de rastreamento para a doença. No ano passado, a queda foi menor (20%), mas mostra o tamanho do impacto sobre o tumor mais prevalente entre as mulheres brasileiras.

Para as neoplasias de estômago, a redução chegou a 40% em 2020 e 25% em 2021, na comparação com 2020, situação igualmente grave para uma doença cujo diagnóstico precoce tem papel fundamental sobre os mais de 21 mil registros anuais no país.

Vemos sinais de um represamento de casos graves chegando aos nossos consultórios e precisamos barrar este movimento. Deixo aqui o meu apelo para que você mantenha seus exames de rotina em dia. Cada um de nós pode fazer sua parte para que o câncer não se torne, tão breve, a primeira causa de morte em nosso país.

Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.

 

Fonte: Forbes Brasil Online

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