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‘Não pensei no pior, pensava que um dia tudo iria passar e ficar tudo bem’, diz menina após superar leucemia

Maria Laura, de 12 anos, foi diagnosticada com leucemia durante uma consulta com uma dermatologista

Descobrir uma doença é sempre um choque para qualquer pessoa, mas nos casos de câncer infantojuvenil o impacto é ainda maior para o paciente, e principalmente para os pais. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que cerca de 440 casos sejam diagnosticados em Pernambuco, até dezembro. E apesar de ser considerada uma doença rara e agressiva, mais de 80% das crianças e adolescentes são curados. O diagnóstico precoce pode salvar vidas. Em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, o Instituto do Câncer Infantil do Agreste (ICIA) oferece atendimento e acolhimento para os pacientes.

Maria Laura, de 12 anos, foi diagnosticada com leucemia durante uma consulta com uma dermatologista. A mãe decidiu procurar a médica quando identificou manchas vermelhas no corpo da filha, na época com noves anos. De início, as manchas aparentavam ser apenas uma alergia, porém os remédios e tratamentos para pele não estavam fazendo efeito.

A dermatologista Samira Raad percebeu que algo estava errado e pediu exames de sangue. “A Laura apresentava lesões na pele por causa de alterações no sangue e, supostamente uma alergia. Ela apresentava manchas vermelhas na pele que a gente chama de urticária. Só que essa alergia estava escondendo algo a mais. Ela tinha alterações no sangue e não estava respondendo aos remédios convencionais. Imediatamente eu vi que tinha algo fora do normal. Nós conseguimos conduzir ela para que no dia seguinte já entrasse com o tratamento adequado”.

Foram feitos uma série de exames, até que foi identificado que 98% das células da medula óssea estavam comprometidas. A mãe da menina, Emilia Lima, conta como reagiu. “Na hora o susto é grande, quando eu cheguei no consultório Samira me mostrou que existia essa alteração e era uma possível leucemia. Então, ela chamou uma oncologista e orientou que a gente precisava seguir para o hospital. Quando chegou lá começamos a fazer o acompanhamento”.

O tratamento foi intenso e durou três anos, com quimioterapia e constantes internamentos na UTI. “Tinha vezes que eu não aguentava a quimioterapia, doía muito. Eu diria que o tratamento é muito difícil, mas que você fica tranquila. As enfermeiras sempre foram bem alegres. Às vezes era difícil explicar aos meus colegas porque eu faltava aula toda terça-feira, porque eu precisava ir para a consulta, eles nunca entendiam. Minhas duas melhores amigas sempre explicavam para eles o que estava acontecendo”, conta Laura.

Ela também chegou a perder o cabelo e mesmo assim manteve a esperança.

“Primeiro as enfermeiras vieram brincando e aí cortou bem curtinho, mas eu sabia que meu cabelo caindo, era minha saúde chegando. Ganhei vários lenços, um mais bonito do que o outro. Também ganhei muitas touquinhas de crochê que minha vó fazia, ela fez até uma igual para minha boneca. Com tudo que aconteceu eu não pensei no pior, eu pensava que um dia tudo iria passar e ficar tudo bem, como está”.

O oncologista do ICIA, Doutor Luiz Henrique, explica como os pais podem identificar os sintomas do câncer. “Sinais como manchas roxas, sangramentos, infecções de repetição, caroços em qualquer parte do corpo, mancha branca na íris do olho, perda de peso acentuada sem explicação, febre prolongada e crianças que têm dores de cabeça intensas com desmaios e convulsões”.

Foi exatamente assim que Natalia Pereira, mãe do Pedro Miguel, de seis anos, percebeu que a saúde do filho não estava bem. “Ele tinha dois anos e nove meses quando foi descoberto o câncer. Os sintomas que eu percebi foram febre alta e a barriga um pouco crescida. Procurei uma médica e quando ela apalpou a barriguinha dele percebeu algo de estranho. Ela pediu uma ultrassom de urgência e foi quando a gente descobriu que ele estava com suspeita de neuroblastoma, um tumor no rim, maligno e muito agressivo”.

A criança foi encaminhada para o ICIA, onde foi confirmado o diagnóstico e deu início ao tratamento. Os pais precisaram ser fortes para acompanhar o filho na luta contra a doença. “De imediato já fomos encaminhados para lá. Ficamos desesperados, não queríamos acreditar que ele pudesse estar com câncer. Os médicos falaram que poderia ser grave. Eu e meu esposo chegamos lá chorando, com muito medo”, fala Natalia.

Alguns exames indicaram que o menino também tinha manchas no pulmão e metástase no fígado. No entanto, a mãe nunca perdeu a fé na cura de Pedrinho.

“Desde o início eu me agarrei com Deus, pedi que fosse feita a vontade Dele. Se fosse para o meu filho ficar comigo, que ele me desse força, que eu ia lutar para que ele superasse tudo isso”.

Ele fez quimioterapia por um ano, e ainda teria que passar pela radioterapia e um transplante de medula óssea. Mas ao fim das sessões de quimioterapia o câncer estacionou e foi preciso uma cirurgia para fazer a retirada do tumor. A operação foi feita em outubro de 2017, no Recife. “Foi retirado o rim e o tumor, os médicos me disseram que conseguiram tirar tudo e que meu filho estava bem. Ele passou sete dias internado no hospital, foi feita a biópsia novamente e ele não precisou fazer a radioterapia e o transplante de medula”, relembra a mãe.

Mesmo com o tratamento agressivo, o menino sempre demonstrou a mesma alegria. “Pedrinho é tão forte que até os médicos se admiravam com ele. Ele sempre foi uma criança que não se deixou abater, nem parecia que ele fazia um tratamento de quimioterapia”, conta a mãe.

Setembro Dourado

A campanha surgiu para alertar sobre o câncer infantojuvenil. O objetivo é conscientizar a população para a prevenção e combate à doença. O dourado foi a cor escolhida para lembrar que as crianças valem ouro. De acordo com o INCA, no Brasil, o câncer representa a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de um a 19 anos. O “Setembro Dourado” alerta para que os sintomas sejam identificados o quanto antes, aumentando as chances de cura.

Uma das ações é promovida pelo Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer de Pernambuco (GAC-PE), que realiza a terceira edição do “Foto que Cuida”. A campanha tem o objetivo de conscientizar a população sobre o retinoblastoma. Os primeiros sinais podem ser confundidos com a catarata e o estrabismo.

Através de uma foto com flash é possível identificar quem tem o retinoblastoma. A leucocoria, popularmente conhecida como “olho de gato”, quando em contato com o flash de uma câmera, revela esbranquiçamento. Nos olhos saudáveis, o reflexo é sempre vermelho. A identificação precoce pode evitar sequelas graves como cegueira definitiva.

De acordo com a oncologista pediátrica e presidente do GAC-PE, Vera Morais, é importante valorizar as queixas das mães. “Elas podem não saber que as crianças têm câncer, mas elas sabem quando há algo diferente acontecendo, pois estão em contato frequente com seus filhos. É comum ouvi-las dizer que o olho do filho tem um brilho diferente. Mesmo sendo alertas sutis, através deles podemos fazer o exame e identificar se a criança tem ou não o retinoblastoma”, complementa.

 

Fonte: G1 – Laís Milena

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