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Dores da perda e do luto

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Última atualização em 29 de julho de 2021

Com o apoio de profissionais especializados, a experiência do luto leva a uma compreensão do ciclo do ser humano e a uma reconciliação com a vida

O luto é uma experiência da qual ninguém escapa, é universal. A finitude da vida é uma certeza. Mas, fora das esferas da dramaturgia e da poesia, esse é um assunto sempre evitado. Considerada uma das experiências mais desorganizadas, a morte nos leva a repensar nosso dia a dia, rever planos e crenças.  A maioria de nós acredita que essa é uma fase que temos de enfrentar sozinhos, mas isso não é verdade. Há pessoas especializadas em trabalhar com enlutados e doentes em fase terminal, ou mesmo com pessoas muito idosas que não aceitam o ciclo da vida. Fenômeno biológico – um coração que deixa de bater, um corpo que para de funcionar, um cérebro que se desliga – a morte tem, entretanto, profundas e indeléveis implicações sociais, psicológicas, culturais e religiosas. Por esse motivo, o amparo psicológico ajuda na aceitação da morte.

Luto e pesar câncer; luto; dores da perda

O luto é um processo. A questão da morte somente vem à tona quando ela está junto de nós ou atinge uma pessoa  próxima. Há uma diferença entre o pesar e o luto, conforme explica a psicóloga Maria Helena Pereira Santos. O pesar é a vivência interna do luto, o conjunto de emoções, pensamentos e sentimentos ligados à perda.

Já o luto é a expressão dessa dor, que pode ou não ser compartilhada por outras pessoas. É chorar, dividir lembranças, comemorar datas especiais tendo a dor da saudade. Na área de psiquiatria, foi a médica suíça Elizabeth Kübler-Ross que sistematizou, na década de 60, as chamadas fases pelas quais passa uma pessoa que lida com a perda, morte ou tragédia (não necessariamente com o desfecho fatal). O modelo de Kübler-Ross afirma que há cinco etapas nesse processo, conhecidas como “os cinco estágios do luto”. São eles: negação e isolamento, raiva, negociação, depressão e aceitação.

A negação

A negação acontece nos primeiros instantes ao se ter a notícia da morte de um ente querido. Ou, então, ao se receber um diagnóstico de doença terminal, o chamado luto antecipatório. Junto com o isolamento, a negação nada mais é do que um mecanismo de defesa contra a dor psíquica diante da morte. A duração vai depender da proximidade com a pessoa que morreu e as circunstâncias em que ela se foi. Muitos experimentam um certo “torpor psicológico”, como se estivessem anestesiados. Por esse motivo é que os ritos – como velório e enterro  – são importantes para “despertar” o enlutado.

A negação e o isolamento podem ser seguidos pela raiva, com hostilização de pessoas e revolta. Já a fase da negociação é comum em doentes graves ou em estágio terminal, que tentam barganhar com Deus um período maior de permanência entre os vivos. A depressão talvez seja a fase mais popular, na medida em que está sempre associada aos processos dolorosos de perdas. Nesse estágio, pode haver isolamento, lamentações e um desinteresse pelos assuntos cotidianos. Então, é esperada a aceitação do fato e uma compreensão maior do ciclo do ser humano.

Embora amplamente aceito, o modelo dos cinco estágios não deve ser interpretado ao pé da letra como uma sequência pela qual todos os indivíduos passam. Na realidade, o estudo da psiquiatria suíça revelou muito mais uma tendência. Já que nem todas as pessoas apresentam sinais claros das fases enumeradas.

“As emoções podem seguir umas às outras, com intervalos curtos, com até mesmo duas ou mais emoções presentes ao mesmo tempo. Cada pessoa fica enlutada à sua maneira, não havendo formas melhores ou piores, nem uma sequência rígida que normatiza o processo. O luto é uma experiência pessoal e única”.

Lidar com a perda

Há uma ideia amplamente disseminada de que o enlutado precisa, o mais rápido possível, superar a dor. O recolhimento é visto com preocupação, e as lágrimas como fraqueza. Ao falar sobre essa questão, a psicóloga Maria Helena afirma que é uma característica das sociedades ocidentais modernas encorajar a pessoa a deixar para trás, de maneira muitas vezes prematura, o luto. Isso pode levar o indivíduo a abandonar a experiência sem completar o ciclo, gerando a nociva repressão das emoções. “ A pessoa precisa reconhecer que, embora difícil de ser enfrentada, a dor faz parte da vida”.

Se precisar de ajuda, estamos aqui!

A psico-oncologia pode ser um facilitador no que diz respeito a lidar com as emoções que o luto pode trazer. Se você está passando por este momento, saiba que a equipe de psicologia da Abrale está disposta a te ajudar, e de forma gratuita. Entre em contato conosco, pelo 0800 773 9973 ou [email protected]

 


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